O Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) confirmou na última semana, o primeiro caso de gripe aviária em uma granja comercial no Brasil. A detecção ocorreu no estado do Rio Grande do Sul, no município de Montenegro e foi causada pelo vírus influenza H5N1, considerado de alta patogenicidade, ou seja, de rápida transmissão entre os animais. O vírus já circula desde 2006, principalmente na Ásia, África e no norte da Europa e afeta aves em geral, inclusive domésticas. Apesar do alerta, não há risco para os humanos.

“O grande problema da gripe aviária são as aves migratórias, pois elas transportam o vírus naturalmente. O pardal, por exemplo, pode atravessar da América do Sul até a América do Norte e se acontecer um caso de infecção, ela atravessa de um lado para outro”, explicou o doutor em Ciência Animal, professor e pesquisador da Universidade Federal Rural da Amazônia (Ufra) Fernando Tavares. O Mapa alerta que a doença não é transmitida aos humanos pela ingestão de carne de aves nem de ovos e reforçou que não há restrição ao consumo.

A preocupação é com a agenda comercial do país, uma vez que o Brasil é o maior exportador e terceiro maior produtor de frango do mundo. Segundo a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), foram embarcadas 5,294 milhões de toneladas do produto em 2024, o maior volume de exportação já registrado pelo setor. “Há um risco da contaminação das aves nativas para os criadouros, pois esses espaços têm muitos atrativos. Se um animal infectado defeca em uma ração, as outras aves se contaminam”, esclarece o professor.

De acordo com o Ministério da Agricultura, o que está em risco é a contaminação sanitária dos criadouros comerciais, por isso é necessária a interrupção temporária das exportações do Brasil, conforme prevê protocolos sanitários e acordos entre nações. “Os humanos podem carregar o vírus no sapato, nas unhas, na roupa, então os carros de fabricação de ração, os que transportam ovos e pessoas que ficam nesses ambientes passam a ter limitações de acesso”, pontuou Tavares. No país, há medidas rigorosas, como controle de acesso, uso de máscaras, limpeza de calçados e outros cuidados.